A velhice | Olavo Bilac

 

Gaetano Bellei

O neto:

Vovó, por que não tem dentes?

Por que anda rezando só.

E treme, como os doentes

Quando têm febre, vovó?


Por que é branco o seu cabelo?

Por que se apóia a um bordão?

Vovó, porque, como o gelo,

É tão fria a sua mão?


Por que é tão triste o seu rosto?

Tão trêmula a sua voz?

Vovó, qual é seu desgosto?

Por que não ri como nós?


A  Avó:

Meu neto, que és meu encanto,

Tu acabas de nascer...

E eu, tenho vivido tanto

Que estou farta de viver!


Os anos, que vão passando,

Vão nos matando sem dó:

Só tu consegues, falando,

Dar-me alegria, tu só!


O teu sorriso, criança,

Cai sobre os martírios meus,

Como um clarão de esperança,

Como uma bênção de Deus!





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